Projeto Dispositivo de Visão

nada melhor…melhor pior…menor melhor

Este projeto nasce do desejo de dar continuidade ao processo de produção de linguagem artística em dança contemporânea/butô, linguagem esta que vem sendo desenvolvida pelo Viver núcleo de dança desde sua criação em 2001 Pensamos nossa pratica criativa como uma ação que não visa exclusivamente um produto, a obra de arte a ser apresentada, mas se constitui numa ação performática, nascida de um encontro:

• De um lado o corpo/pensamento dos artistas, constituído por suas questões, anseios e desejos e trazendo impresso suas matrizes culturais, e por outro lado
• o ambiente, que não é só o local geográfico, mas as pessoas, os objetos as edificações e os afetos. É o encontro que produz a realidade que nos propomos a pesquisar e conhecer, tendo como start a questão: “ como fazer baixar a imagem no corpo do dançarino, e nele achar uma resolução?.

Provocações Poéticas

… não se vive…não se morre … não se dança no retângulo de uma folha de papel.

“… não se vive…não se morre…não se dança no retângulo de uma folha de papel”. Não se vive em um espaço neutro e branco. Vivemos, morremos, amamos e dançamos nas cidades, em espaços matizados, recortados, com zonas de intensidades, com diferentes níveis e degraus, com vãos, relevos, regiões duras e outras quebradiças, zonas claras e sombras, algumas penetráveis outras porosas. Muitas são regiões de passagens, ruas, trens, metros. Algumas são regiões de parada transitória, cafés, cinemas, motéis, regiões fechadas do repouso e da moradia etc.

A própria ação no lugar (workshop, conversas e o compartilhamento do processo criativo) em sua totalidade é que se apresenta como obra e não apenas o espetáculo.

Compartilhamos um desejo de arte com artistas e pensadores para os quais:  ‘a vontade e a causa são fundadas sobre a ideia de justiça social e liberdade humana e por isso colocaram sua revolta contra tudo aquilo que enclausura a vida e mutila a vida e o corpo e contra tudo o que nos impede de dilatar a opacidade e a abertura próprias ao corpo e sua porosidade para os encontros e trocas. O corpo como potencia de afetar e ser afetado. Um corpo/pensamento, uma arte inteiramente defensora da vida contra os poderes e as instituições já mortas, mas ainda produtoras de morte’.

… dançar se faz necessário.

Em tempos caóticos como o que vivemos hoje, tempos de Pandemia, de negacionismo e retrocessos inimagináveis e onde nossas referencias éticas, estéticas e politicas se desmaterializaram … se faz necessário dançar.

O mundo, o país e a cidade se transformou, produzindo novas cartografias afetivas remodelada por forças que atuam numa velocidade incrível: forças politicas, econômicas, sociais e biológicas etc.

Queremos dançar e criar a partir do mergulho nesta realidade que vivemos hoje e dar corpo de imagens as sensações e forças que pedem passagem, nos atravessam e nos deformam.

Queremos assim poder contribuir para uma tomada de consciência desta nova realidade que se nos impõe, e que traz em sua bagagem as marcas do encontro, o compartilhamento, afirmando as nossas diferenças expressas na multiculturalidade de nosso país.

Galeria

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